domingo, 10 de abril de 2011

SAGA SOBRE RODAS

Falam que a maior invenção da humanidade foi a roda, assino embaixo... Realmente é uma coisa que está muito ligada a nossas vidas, carros, aviões, motos, bicicletas, cadeiras... quantas coisas colocamos as rodas e elas nos levam para tantos lugares, pois é troquei um par de pernas por um par de rodas e resolvi ganhar o mundo! Assim sou eu o Beto!
Essa semana o aleijado aqui resolveu fazer umas coisinhas, sobre rodas tudo fica mais divertido, né não!?
Pois bem, terça foi a saga de ir aos bancos, quem vê pensa que o torto aqui é abonado, cheio do dinheiro, não gente, acorda, aleijado é tudo duro, mas a aventura valeu risadas ao menos...
A programação propunha visitas ao Santanter, Banco do Brasil e Itaú, pulei pro carro, afivelei o cinto de segurança, que vai que estrago a cara, é o que ainda está inteiro, parti pro rally de regularidade, acho que o mais certo é IRREGULARIDADE!!! De carro já é uma aventura, desvia daqui, desvia de lá e escolhe o buraco menor para cair! Legal, cheguei no primeiro destino Santander, minha vaguinha estava linda, desocupada, bem na porta, ao lado de uma rampa... monta a cadeira, pula pra ela e dale fazer um pagamento!!! Legal, lógico meu conversível não passa na linda da porta giratória, ok, espero alguém lá de dentro se mover em busca da chave da entrada “preferencial”! Ai que chic! Entro, velha agência, que tenta se adaptar é o máximo, tem piso tátil, azar do ceguinho que se guiar por ele, tombo garantido, fui pegar minha senha, primeiro problema, não aprendi BRAILE e nem a levantar da cadeira, solução!! “O moça, qual senha eu pego? Nessa altura vou sair apertando todos os botões!” Ok, peguei minha preferencial e lá fiquei esperando ser chamado! Pronto, uma linda me chamou, olhos verdes, longas madeixas, mas o caixa era mais alto que minha cabeça, ai me faltou LIBRAS pra esticar meu braço e trocar uns sinais com a caixa... Legal, azar o dela que sabe ficar em pé, levanta e vem aqui sua linda! Pagamento realizado dou adeus a primeira parte da saga sobre rodas...
Próximo passo, Banco do Brasil, se existe um banco que é tortura do início ao fim é esse dito cujo! Cheguei na agencia e minha vaguinha estava ocupada, por um Volkswagen Fox, prata, o carrinho não tinha selo, não tinha cartão, não tinha adaptação, não tinha nem se quer um Zé torto lá dentro esquecido ao sol, o que fazer? Simples, é muito fácil, aleijado sempre tem tempo livre, uma manobra bem feita, consegui obstruir a saída do tal veículo! Montada minha cadeira, faço um “transfer” e chego na agência, passando o ritual da porta, to dentro da agência, olho clínico de aleijado velho, han, e não identifico nenhum “companheiro” oks, é só esperar, que uma hora o dono do Fox vai se fazer presente, tinha que sacar um cheque, sabe daqueles bem borrachudos, pra variar no caixa preferencial faltava a cordinha pra mim fazer um rapel, o “tar” do cheque rodou na mão de todos os funcionários da agência, dou um palpite que até a tia do café, rubricou! Notei uma dona se dirigindo ao Fox, continuei na minha, lindo, sentadinho pra não casar minhas pernas (irônico). Após conseguir receber o dindin, fui ao caixa eletrônico tirar um extrato pra ver o tamanho do rombo, to lindo olhando aquela fita quilométrica cheia de números negativos, ouço uma voz feminina perguntando: “De quem é aquele carro que está trancando o meu carro!?” Haha!! Era o que eu mais queria ouvir!!! Prontamente respondi: “É meu, porque?” a dona: “Você vai demorar?” eu: “Não estou com a mínima pressa, aleijado o que mais tem é tempo livre!” dona: “Mas eu preciso sair!!” eu: “Moça, você para na minha vaga, faz eu quase ser atropelado porque tive que descer na rua, e você fala em pressa!?” dona “Desculpa, o que tinha que fazer era rápido! Não vi que era de deficiente!” eu “Já pensou se eu vivesse de desculpa e esmola!? Morria de fome, e tem mais, se você não viu uma placa azul desse tamanho acho que nem deveria estar dirigindo, mas pode esperar que quando terminar eu vou embora!” aiai, li um monte de números, tive certeza que continuo sem dinheiro! Bora pular pro carro, guardar minhas “pernas” rodantes e rumar para mais um banco!
Ultima saga do dia!? Não sei, tudo pode acontecer, né!?
Cheguei no Itaú, uma vaga linda láááááá looooongeeee!! Pensa a vaga mais longe possível de tudo! EXATO é a vaga pros aleijados, lindo isso, ainda mais que o estacionamento é pago, ok, rodo bastante, engrosso meus braços, pego o ticket, do uma voooolta e chego na agência, transpasso a porta, que tem um degrauzinho lindo, tentei falar com a gerente, ela quase teve um “treco” quando viu um ser que anda sobre rodas indo em direção a ela, será que ela achou que o aleijão pega? Ou será que ela se espantou por essa coisinha aqui saber falar? To na dúvida até agora! Kkkk  quem sabe essa semana volto lá pra tomar um cafezinho e aterrorizar o dia dela com a minha presença!!! Uma ginástica pra ser atendido, será que o caixa era alto? Lógicoooo!!! Azar do moço, vida de aleijado é uma folga, é da cama pra cadeira, da cadeira pra cama!!! Hahaha... “azar du seis qui aprenderu a anda”
Beto Gonçalves

Um comentário:

  1. Irônico e real!Sensacional,compartilhado e usarei num projeto de acessibilidade com alunos especiais.Deixe sua opinião lá no www.futurotaqui.blogspot.com.Continue sempre a escrever não desistas!!A sociedade precisa ver,ouvir,refletir sobre acessibilidade!!Abraço.

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